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Setor de pagamentos pede fim das contas bolsão para reforçar segurança digital

Entidades defendem conjunto de dez medidas para reduzir fraudes e aprimorar rastreabilidade das transações

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Redação

11 de novembro, 2025
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Setor de pagamentos pede fim das contas bolsão para reforçar segurança digital

Resumo

O Fórum Técnico de Entidades do Setor de Pagamentos propôs mudanças ao Banco Central do Brasil visando aumentar a segurança no ecossistema financeiro digital.

As sugestões incluem medidas emergenciais e estruturais para reduzir fraudes e proteger os consumidores.

Importante saber:

  • Canal direto para incidentes com o Banco Central.

  • Inclusão de datas no cadastro de chaves Pix para melhorar rastreabilidade.

  • Novas regras para Iniciadores de Transação de Pagamento (ITPs).

O Fórum Técnico de Entidades do Setor de Pagamentos — que reúne ABBC, Abecs, Abipag, Abranet, Febraban e Zetta — apresentou ao Banco Central do Brasil (BCB), em outubro, um conjunto de dez propostas voltadas ao fortalecimento da segurança e da confiabilidade do ecossistema financeiro digital. O principal destaque é a sugestão de extinguir as chamadas contas bolsão, apontadas como um dos principais obstáculos ao rastreamento e à identificação de movimentações ilícitas.

De acordo com o documento encaminhado ao BC, as medidas buscam combinar ações emergenciais e estruturais para reduzir fraudes, aprimorar a rastreabilidade das operações e ampliar a proteção de consumidores e instituições financeiras. Parte das sugestões, segundo nota divulgada pelo Fórum, está alinhada às iniciativas anunciadas pelo Banco Central em 3 de novembro, o que reforça a convergência técnica entre o regulador e o setor privado.

Entre as ações prioritárias propostas pelas entidades estão:

  • Canal direto com o Banco Central: criação de um canal automatizado e exclusivo para comunicação imediata de incidentes entre instituições e a autoridade monetária.

  • Datas no cadastro de chaves Pix (DICT): inclusão das datas de abertura da conta e de criação da chave, para facilitar a detecção de contas recém-ativadas com potencial de uso fraudulento.

  • Reforço nas regras dos Iniciadores de Transação de Pagamento (ITPs): atualização de critérios de segurança, certificação e capital mínimo, reduzindo vulnerabilidades operacionais.

  • Protocolo noturno padronizado: criação de regras específicas para operações realizadas entre 22h e 6h, período considerado mais suscetível a golpes, com limites por hora e intervalo mínimo entre transferências a destinatários inéditos.

  • Temporização de recursos recebidos: possibilidade de reter temporariamente valores de transferências de alto valor, evitando a rápida dispersão de recursos obtidos em fraudes.

Já entre as propostas estruturais, o Fórum recomenda:

  • Acesso ampliado a dados oficiais (Infoconv): permitir validação direta de identidades em bases oficiais, fortalecendo processos de verificação cadastral.

  • Aprimoramento da Resolução Conjunta nº 6/2023: padronizar critérios de compartilhamento de dados e de atribuição de responsabilidades entre participantes do sistema.

  • Combate às “contas laranjas”: endurecimento de penalidades aplicadas a CPFs e CNPJs envolvidos em operações fraudulentas.

  • Revisão das regras do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI): reforço na rastreabilidade e supervisão das operações, com maior segregação de responsabilidades.

  • Bloqueio cautelar ampliado: permitir bloqueio preventivo de valores por até 96 horas em casos com indícios de fraude, garantindo tempo para apuração.

Em nota, o Fórum destacou que o esforço de segurança é contínuo e depende da cooperação entre mercado e regulador, representando um “pacote técnico equilibrado” que busca conciliar respostas rápidas a riscos emergentes com reformas estruturais para fortalecer a prevenção e padronização da segurança digital.

As entidades também avaliaram como positivo o alinhamento técnico entre o Banco Central e o setor financeiro, reiterando o compromisso com o diálogo permanente para que o Brasil mantenha sua posição de destaque internacional em inovação, inclusão e segurança digital.