QR Code se fortalece como peça-chave para escalar pagamentos tokenizados

(*) Por Victor Nascimento

Embora existam há mais de cinco anos para a realização de pagamentos e tenha sido amplamente adotado pelos brasileiros graças ao PIX, os QR Codes se transformaram em uma das principais apostas das tradicionais bandeiras de cartão de crédito para expandir seu ecossistema de pagamentos, garantir transações seguras e oferecer mais opções aos consumidores em diferentes partes do mundo.

O que vemos agora é um movimento coordenado das bandeiras para transformar o QR Code em uma ferramenta universal dentro dos pagamentos digitais, permitindo que consumidores utilizem a tokenização para ter uma experiência de pagamento simples e segura. Esse esforço é visível em iniciativas como o Visa Scan to Pay, lançado recentemente no principal evento de inovação da Ásia, o Singapore FinTech Festival; e o programa Mastercard Merchant Presented QR, que padroniza a experiência de pagamentos iniciados pelo consumidor usando QR Code apresentado pelo comerciante.

O crescimento desse modelo está diretamente relacionado à combinação de interoperabilidade, segurança e inclusão financeira - três fatores essenciais para a evolução dos pagamentos digitais no mundo. A segurança tem papel central nesse avanço. O padrão EMV QR Code, desenvolvido pelas entidades responsáveis por regular o ecossistema global de cartões, oferece uma camada robusta de criptografia, autenticação e validação das informações transmitidas no código. Isso significa que um QR Code EMV não é apenas uma imagem bidimensional, mas um contêiner estruturado de dados criptografados, projetado para ser interpretado e validado com o mesmo rigor utilizado nos terminais de pagamento tradicionais.

Tanto Visa quanto Mastercard aplicam esses protocolos de segurança de maneira rigorosa, garantindo que transações via QR Code tenham o mesmo nível de proteção das transações presenciais ou por aproximação.

Outro elemento decisivo nessa expansão é a acessibilidade. Em muitos países, especialmente em economias emergentes e em regiões onde o acesso a smartphones de última geração é limitado, a tecnologia NFC ainda não é amplamente disponível. O QR Code, por outro lado, pode ser utilizado em qualquer celular com câmera - um recurso acessível à maior parte da população global. Isso torna essa tecnologia especialmente relevante para a inclusão financeira, permitindo que consumidores utilizem suas carteiras digitais mesmo sem ter cartão físico em mãos.

No Brasil, apesar de a população já estar habituada ao uso do QR Code por causa do PIX, há uma oportunidade clara para ampliar seu uso. O avanço das bandeiras na adoção de QR Codes EMV cria a possibilidade de que, em breve, consumidores utilizem esse meio não apenas para transferências bancárias, mas também para pagar com seus cartões de crédito, débito ou pré-pagos de maneira totalmente digital.

Isso representa uma evolução natural do mercado e amplia significativamente as opções de pagamento disponíveis para o consumidor final. Para o varejo, significa operar com um método que reduz a dependência de hardware dedicado, aumenta a interoperabilidade e se integra com diferentes adquirentes e emissores. Para os fornecedores de tecnologia, cria um campo de atuação que exige conformidade com padrões globais, integração com redes de pagamento e adoção de mecanismos avançados de segurança digital.

Diante desse cenário, fica evidente que o QR Code não é apenas uma alternativa conveniente, mas um componente estratégico da transformação dos pagamentos digitais. Ele atende às demandas por inclusão, segurança e eficiência em escala global. Visa e Mastercard, ao ampliarem suas iniciativas e reforçarem a adoção do padrão EMV, mostram que esse modelo tem potencial para se tornar um elemento central no futuro das transações digitais, tanto no Brasil quanto no exterior.

(*) Victor Nascimento é Head de Produtos da HST Card Technology