A ascensão das fintechs está revolucionando o acesso ao sistema financeiro global, mas muitas barreiras ainda persistem.
O equilíbrio entre inovação e regulação é essencial para garantir uma expansão saudável e inclusiva.
Importante saber:
As fintechs são um motor central para inclusão financeira.
Barreiras como baixa alfabetização digital dificultam a expansão.
O sucesso depende da criação de valor social e sustentável.
Nos últimos anos, o avanço das fintechs transformou a forma como indivíduos e empresas acessam o sistema financeiro. Plataformas de mobile money, carteiras digitais, P2P lending, crowdfunding e internet banking estão levando crédito, pagamentos e investimentos a milhões de pessoas antes excluídas do sistema formal.
Um novo relatório do Fundo Monetário Internacional (IMF, 2025) mostra que as fintechs já são um motor central da inclusão financeira e do crescimento econômico, especialmente em regiões da África e da América Latina. Em apenas cinco anos, o número médio de transações digitais por adulto nos países emergentes saltou de 55 para 251, e as remessas digitais passaram de 13% para 46% do total mundial.
Mas o estudo faz um alerta: o progresso não é homogêneo. Barreiras estruturais — como baixa alfabetização digital e financeira, infraestrutura precária, altos custos de serviços e regulação complexa — ainda restringem a expansão das fintechs.
Como sabemos e temos vivenciado no Brasil, outro ponto crítico é o aumento dos riscos sistêmicos: o rápido crescimento de instituições não bancárias (NBFIs), sem supervisão adequada, pode amplificar problemas financeiros, gerar superendividamento e abrir espaço para crimes cibernéticos e fraudes.
O FMI propõe um novo equilíbrio: políticas que conciliem inovação e estabilidade, regulação proativa, educação digital, e colaboração público-privada. Iniciativas como a Financial Access Survey (FAS) e o G20 Data Gaps Initiative 3 estão avançando na coleta de dados sobre fintechs — incluindo variáveis sobre gênero, localização e tipos de serviço — para subsidiar decisões mais precisas e inclusivas.
Para empreendedores e gestores, o recado é direto: a próxima fronteira competitiva das fintechs está na inclusão e na confiança. Ganhar escala e legitimidade exigirá educar usuários, investir em infraestrutura segura, alinhar-se a padrões regulatórios e operar com dados de qualidade.
Em um mundo cada vez mais digital, o sucesso das fintechs dependerá tanto de sua tecnologia quanto de sua capacidade de criar valor social, sustentável e mensurável.
Para saber mais: IMF Financial Access Survey Report – “Fintech, a Catalyst for Financial Services Access, Innovation, and Growth” (Fareed et al., 2025)