A oferta de crédito consignado para funcionários de empresas com as quais o credor não tem convênio torna mais relevante ainda a análise do CNPJ além da tradicional investigação sobre as condições da pessoa física. De acordo com um estudo realizado pela datatech Serasa Experian, cerca de 10% das companhias que faturam acima de R$500 mil acumulam dívidas trabalhistas. A situação chama a atenção uma vez que a fragilidade financeira da organização pode significar que o repasse dos valores do consignado privado poderão ser comprometidos.
A própria Serasa adverte que alguns aspectos a serem considerados são o Score PJ dessa companhia, o índice de longevidade – que mostra chances de encerramento das atividades nos próximos 12 meses – e também a presença de dívidas trabalhistas, que pode indicar falhas na operacionalização de recursos humanos, um ponto relevante no crédito do trabalhador.
O estudo mostra que mesmo empresas que já apresentam certa robustez de faturamento apresentam dívidas de Previdência, FGTS e Multas Trabalhistas. Segundo os dados, 10% delas têm pendências nas obrigações determinadas pela legislação, o que pode ser um risco a mais na gestão operacional dos contratos de consignado e repasses necessários ao trabalhador.
Os dados foram obtidos a partir de uma amostra de 13 milhões de empresas ativas, refletindo a realidade do Brasil, e CNPJs com faturamento acima de R$500 mil. Além disso, MEIs foram desconsideras da amostra. O levantamento considera ainda o novo Indicador de Dívidas Trabalhistas da Serasa Experian que indica empresas que apresentam alguma pendência referente à Previdência, FGTS e Multas Trabalhistas.
“Com o consignado privado, abre-se um mercado promissor ao ampliar o acesso ao crédito para trabalhadores CLT. Mas essa evolução exige uma análise de risco mais sofisticada e pautada em novas informações e dados complementares. Além do perfil do CPF, o credor agora precisa avaliar também o CNPJ empregador. Fatores como longevidade da empresa, Score de Crédito e dívidas trabalhistas, são determinantes para garantir a saúde da operação e minimizar perdas. Na prática, na análise do empregador, não pagar em dia seus tributos, em especial os relacionadas ao FGTS, - uma vez que estes ocorrem na mesma guia de pagamento do crédito do trabalhador-, podem indicar um risco de inadimplência dos repasses do novo consignado”, explica Eduardo Mônaco, Vice-Presidente de Crédito e Plataformas da Serasa Experian.
O estudo nos setores e regiões
Em relação aos setores dessas empresas, considerando o mesmo filtro de faturamento de mais de R$500 mil, vemos que a indústria é o setor com o maior percentual de dívidas trabalhistas, 15,1%. Na sequência temos o segmento de serviços com 11,9% e comércio, com 9,9%.
Já olhando por regiões, vemos que o Centro-Oeste apresenta o maior percentual do indicador de dívidas trabalhistas, com 11,7%, seguido pelo Nordeste, com 11,2% e Norte, com 10,8%. A região Sul e a região Sudeste empatam com 9,6% dessa variável.

