FintechLab
FintechLab

Comece a digitar para buscar

RegTech

Brasil avança para novo patamar de maturidade em prevenção à lavagem de dinheiro

Mudanças estruturais prometem eficiência e transparência no sistema financeiro.

R

Redação

16 de dezembro, 2025
Compartilhar:
Brasil avança para novo patamar de maturidade em prevenção à lavagem de dinheiro

Resumo

O sistema financeiro brasileiro se prepara para 2026 com mudanças que impactam a supervisão de riscos e a prevenção à lavagem de dinheiro.

A transição exige maior interoperabilidade e governança técnica de dados nas instituições financeiras.

Importante saber:

  • O número de operações suspeitas cresceu 330% desde 2015.

  • A interoperabilidade entre sistemas é um dos principais desafios.

  • A eficiência operacional será o diferencial competitivo das instituições.

(*) Alexander Fürst

O sistema financeiro brasileiro se aproxima de 2026 diante de uma mudança estrutural na forma como supervisiona os riscos, integra os dados e conduz o processo de prevenção à lavagem de dinheiro (PLDFT). Após anos de evolução regulatória, a pressão por eficiência operacional e aumento exponencial das transações digitais, o país entra em uma fase marcada pela busca por maturidade, padronização e interoperabilidade.

O movimento não se limita à adoção de novas tecnologias. Ele envolve a consolidação de processos, a reorganização de fluxos, o fortalecimento de critérios técnicos e a implementação de sistemas capazes de sustentar a complexidade informacional que permeia os bancos, as fintechs, as instituições de pagamento e participantes do mercado de capitais.

Dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), mostram que o número de comunicações de operações suspeitas ultrapassou 7,5 milhões em 2024, enquanto os Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) cresceram mais de 330%, desde 2015. O volume crescente revela uma maior sensibilidade para riscos, mas também pressiona áreas de compliance e PLDFT que ainda enfrentam limitações estruturais, como bases fragmentadas, dependência de processos manuais e dificuldade de integração sistêmica.

O avanço depende menos da ampliação de vigilância e mais da capacidade de transformar dados em inteligência. O desafio não é apenas captar dados, mas assegurar sua qualidade e transformá-los em inteligência útil e tempestiva. Sem isso, não há maturidade operacional possível.

A maturidade exigida para 2026 está apoiada em três pilares centrais. O primeiro é a interoperabilidade, ainda limitada por bases públicas e privadas que não conversam entre si. Ambientes como SIMBA, INFOJUD e CCS seguem operando de forma desconectada, dificultando cruzamentos automáticos e atrasando análises complexas.

O segundo pilar é a governança técnica de dados. Instituições precisam dominar não apenas a ingestão de grandes volumes de informação, mas também a sua classificação, qualificação, o enriquecimento, a padronização e a rastreabilidade. Sem isso, os falsos positivos se acumulam, os gargalos se intensificam e as decisões críticas perdem qualidade.

O terceiro pilar envolve a consolidação e autonomia operacional. O processo e os sistemas de MSAC (Monitoramento, Seleção, Análise e Comunicação) exigem fluxos configuráveis, regras adaptáveis e a capacidade de resposta imediata às mudanças normativas. As plataformas que dependem de filas de TI para ajustes simples tendem a se tornar gargalos, enquanto soluções com autonomia oferecem maior eficiência e segurança.

Embora não seja o foco principal deste estudo, a Agenda Regulatória 2026 do Banco Central reforça a importância de temas como governança de dados, a supervisão integrada e a eficiência operacional. As prioridades divulgadas pelo órgão conversam diretamente com o esforço das instituições em modernizar processos e fortalecer os seus programas de Governança, Compliance e PLDFT.

Esse contexto coloca o mercado diante de uma transição crucial. A competitividade passa a depender da capacidade de criar ambientes de monitoramento conectados, auditáveis e escaláveis, que permitam decisões embasadas sem comprometer a segurança ou a conformidade.

A maturidade não será medida pelo volume de alertas, mas pela sua qualidade e a tomada de decisão qualificada. O avanço do setor depende de processos rastreáveis, análises estruturadas e uso inteligente da tecnologia. É isso que garante a eficiência e precisão.

Com a pressão crescente por supervisão inteligente, interoperabilidade e governança, o Brasil caminha para um novo patamar de eficiência e transparência. A convergência entre a tecnologia, os processos e a regulação define o ritmo dessa transformação — e será o principal diferencial competitivo das instituições no próximo ciclo.

 (*) Alexander Fürst é fundador do Cerberus, plataforma de monitoramento inteligente para PLDFT e compliance.