A startup Jota mostra que a adesão a serviços de finanças por mensagem é viável e prática.
Importante saber:
Utiliza IA para facilitar transações financeiras com agilidade.
Simplifica a experiência, eliminando a necessidade de aplicativos.
Busca democratizar o acesso a serviços financeiros para PMEs e informais.
A combinação de conveniência e familiaridade tem levado os brasileiros a aderirem numa velocidade maior do que o esperado ao uso de plataformas de inteligência artificial conversacional. Essa é a avaliação dos executivos do Jota, assistente financeiro que opera inteiramente pelo WhatsApp e que, em dezembro, ultrapassou a marca de 100 mil usuários, patamar considerado mais de seis vezes superior à meta inicial de 15 mil clientes prevista para o primeiro ano de sua operação.
Em uma entrevista exclusiva ao FintechLab, o cofundador e CPO do Jota, Marcelo Leite, avaliou o resultado como uma demonstração de que o mercado brasileiro está mais preparado para adotar serviços financeiros por mensagem do que se imaginava.
“Estamos vivendo uma mudança de paradigma. Primeiro vêm os early adopters, depois as ondas seguintes. A adoção que estamos vendo no Jota demonstra como o brasileiro está aberto à inovação e já se sente confortável para movimentar dinheiro por conversa”, afirma a companhia.
Familiaridade e ausência de fricção impulsionam crescimento
Segundo ele, como o serviço funciona diretamente no WhatsApp, o usuário não precisa baixar aplicativos, criar contas novas ou migrar de banco. Basta conectar suas instituições financeiras atuais e passar a fazer Pix, pagar boletos e consultar saldos por meio de mensagens de texto, áudio ou imagens.
Essa simplicidade reduz drasticamente a barreira de entrada, avalia a empresa. “É conversar e usar. Isso atrai desde quem busca praticidade até quem quer centralizar tudo em um canal que já usa no dia a dia”, afirma.
Confiança ainda é o principal obstáculo
Apesar do avanço, há desafios. O maior deles é a confiança do consumidor ao realizar transações bancárias em um formato tão diferente do tradicional. Por décadas, a experiência bancária esteve associada primeiro às agências e, depois, aos aplicativos. Agora, a proposta é operar tudo dentro de um chat.
A empresa reconhece a resistência inicial, mas diz que a percepção muda rapidamente após as primeiras transações. “Depois que o usuário experimenta e vê que é seguro, rápido e prático, é comum ouvir: ‘não sabia que precisava disso na minha vida’”, relata.
Oportunidade: levar “o melhor funcionário do mundo” ao empreendedor brasileiro
A grande aposta do Jota está no impacto sobre micro, pequenos e médios negócios. A visão da empresa é usar IA para organizar contas, executar tarefas operacionais, consolidar informações financeiras e apoiar decisões – tudo em tempo real e sem custo.
“Queremos democratizar o melhor funcionário financeiro do mundo para todos os empreendedores do Brasil”, afirma Leite, ressaltando que o serviço é gratuito tanto para pessoas físicas quanto jurídicas.
Funcionalidades mais usadas: Pix por áudio e pagamento de boletos por conversa
Entre as funcionalidades que mais atraem os usuários estão o Pix por áudio e o pagamento de boletos totalmente por conversa. Segundo a empresa, o usuário leva poucos segundos para quitar uma conta ou transferir valores apenas falando com o assistente, sem necessidade de digitar informações ou ler códigos de barras.
A consolidação financeira também tem ganhado força: clientes consultam saldos de diferentes bancos pelo próprio WhatsApp, recebem alertas de cheque especial e conseguem realizar transações usando o saldo de qualquer instituição conectada – sem sair do chat.
Quem usa mais: de informais a PMEs
O perfil de empresas que mais utiliza o assistente é bem distribuído: desde empreendedores informais e MEIs até pequenas e médias companhias com equipes e rotinas intensas de pagamentos e cobranças.
Para informais e MEIs, o serviço resolve a falta de tempo e a desorganização financeira. Já para PMEs, a vantagem está na economia de tarifas e no ganho operacional, reduzindo horas gastas com dezenas ou centenas de transações mensais.
Consumidor final acompanha o ritmo
A adoção por pessoas físicas avança em ritmo semelhante ao dos empreendedores. Muitos usuários utilizam o mesmo número para vida pessoal e profissional, o que torna as bases misturadas. Entre consumidores finais, destacam-se as funções de lembretes de pagamentos e compromissos, usadas para organizar a agenda financeira e evitar esquecimentos.
Expectativas para 2026
A empresa espera “multiplicar a base atual algumas vezes” até o final de 2026. A meta é transformar o Jota em um verdadeiro “sistema operacional financeiro” dentro do WhatsApp, concentrando pagamentos, cobranças, organização de caixa e suporte à tomada de decisão – tudo de forma conversacional.
Com o crescimento acelerado e a popularização das interfaces de IA, a companhia aposta que a experiência de serviços financeiros por áudio e mensagens deve se tornar comum nos próximos anos, tanto para pessoas físicas quanto para empresas.