“Ninguém baixa o aplicativo de um banco ou de uma bet no celular apenas para admirar as cores. Se a pessoa baixou, ela vai usar, e essa é uma informação fundamental.” A frase do CEO da Mintech, Gustavo Cruz, resume a nova tendência que começa a se consolidar entre fintechs e instituições financeiras brasileiras: o uso autorizado de dados de comportamento digital para orientar decisões de crédito.
O tema foi debatido no painel “Como a IA impulsiona a adoção de soluções baseadas em dados alternativos”, realizado na arena Finanças do AI Brasil Experience, evento que reuniu especialistas e empresas de tecnologia nos dias 30 e 31 de outubro, no Distrito Anhembi, em São Paulo. Cruz mediou a discussão, que também contou com a participação de Rafael Cherubini, head de Plataformas do PagBank, e Bruno Franco, superintendente de Crédito e Modelagem do Banco BMG.
A Mintech é uma startup especializada em coletar, tratar e combinar variáveis extraídas diretamente dos smartphones de clientes que acessam aplicativos de empresas parceiras. A análise desses dados permite às instituições identificar padrões de comportamento e antecipar tendências, como a propensão ao cancelamento de serviços (churn) ou ao aumento da inadimplência.
Cherubini apresentou um exemplo prático: entre os clientes do PagBank, o churn é, em média, 3,9 vezes maior quando o usuário possui mais de um aplicativo de instituições concorrentes instalado no celular. “Saber que o cliente baixou um app concorrente é uma informação extremamente valiosa, porque nos permite tomar ações preventivas antes de perder o cliente”, explicou. “Procuramos entender o que motivou o download — se é insatisfação ou busca por outro produto — e agir para mantê-lo.”

